domingo, 2 de junho de 2013

Literatura


 

 

PROF.ª DRª VERA LÚCIA GRANDO

 

Literatura Infantil


 

Literatura:
 
 “arte de escrever; escritura; gramática, instrução; conhecimentos literários.Palavra de origem latina litteratura, derivada de littera, letra” ( Dicionário Houaiss, 2001).
 
 “Diz respeito aos textos que possuem  uma preocupação estética, provocando prazer e conhecimento por sua forma, conteúdo  e organização. Sendo expressão do homem, é um meio privilegiado de comunicação , pois explora todas as potencialidades da linguagem. A literatura busca o essencial, o universal, contribuindo para a formação dos homens, indicando-lhes modos de agir, retratando-os em seus desejos, angústias e prazeres. Desse modo, faz com que o homem se conheça cada vez melhor”(Maia, Português, 2000).
 
“ .... a literatura existe... Ela tem suas instituições, seus ritos, seus heróis, seus conflitos, suas exigências. Ela é  vivida cotidianamente pelo homem civilizado e contemporâneo como uma experiência específica, que não se assemelha a nenhuma outra”( R. Escarpit,   Littéraire et le social, 1970) .
 
 A literatura é “ uma atividade artística que, sob multiformes modulações , tem  exprimido e continua a exprimir, de modo inconfundível, a alegria  e a angústia, as certezas e os enigmas do homem” ( Aguiar e Silva, Teoria da Literatura, 1979).
 
“A literatura é  uma posição culta, inserida numa tradição cultural  que, se tem o respaldo de muitos séculos, tem  também a civilização burguesa por horizonte” ( Lajolo,  O que é Literatura, 1983)
 
“a literatura leva ao extremo a ambigüidade da linguagem: ao mesmo tempo em que cola o homem às coisas, diminuindo o espaço entre o nome e o  objeto nomeado, a literatura dá  a medida do artificial e do provisório da relação. Sugere o arbitrário da significação, a fragilidade da aliança e, no limite, a irredutibilidade de cada ser. É , pois esta linguagem instauradora de realidades e fundante de sentidos a linguagem de se tece  a literatura” ( Lajolo, 1983)
 
 “ A  linguagem parece tornar-se literária quando seu uso instaura um universo, um espaço de interação de subjetividades ( autor e leitor)  que escapa ao imediatismo, à  predictibilidade e ao  esteriótipo das situações e usos da linguagem que configuram a vida cotidiana.” ( Idem)
 
 
“Daí  o engano de quem acha que o caráter humano e formador da literatura vem da natureza ou quantidade de informações que ela propicia ao leitor. Literatura não transmite nada. Cria. Dá existência plena ao que, sem ela, ficaria no caos do inomeado e , conseqüentemente, do não existente para cada um. E , o que  é fundamental, ao mesmo tempo que cria, aponta para o provisório da criação” ( Idem).- Ressalva: A experiência do poeta é recriada na experiência  do leitor.
 
“O mundo da literatura, como o da linguagem, é o mundo do possível. Esta afirmação não tem nada de novo. Já Aristóteles, respondendo  Platão, dizia que, enquanto a  história narrava o que  realmente tinha acontecido, o que podia acontecer ficava por conta da literatura............... Não se trata, portanto, de banir da literatura o cotidiano, o hoje, o aqui e o agora.  Antes pelo contrário. A história vivida e sofrida pela multidão de leitores está sempre presente, no direito ou no avesso do texto.” ( Idem).
 
“O mundo representado na literatura, simbólica ou realistamente, nasce da experiência que o escritor tem de uma  realidade histórica e social muito bem delimitada. O universo que autor e leitor compartilham, a partir da criação do primeiro e da recriação do segundo, é um universo que corresponde a uma síntese – intuitiva ou racional, simbólica ou realista – do aqui e agora que se vive” ( Idem).
 
 
 
 
Funções da Literatura: instrumento de conhecimento do mundo (do passado, do presente, da mentalidade de uma época, de outras civilizações); instrumento de conhecimento do homem (do autor, quando se trata de autobiografia; de si mesmo, se considerada como um espelho no qual nos reconhecemos; e do outro, se vista como um espelho da humanidade); instrumento de formação e desenvolvimento intelectual, moral ideológico e estético.Ela  é energia que produz modificações nas mentalidades, contribuindo para a transformação coletiva e individual” (Maia, 2000).
 
“A literatura procura representar o homem e seu mundo,ou seja,  seu ambiente, suas alegrias, emoções, angústias e aspirações”. O escritor transforma os fatos e cria uma linguagem , partindo do seu ponto de observação, produz ficção, do latim, fictione que significa simulação, fingimento, fantasia, criação.

Gêneros  Literários: Lírico, de lira, instrumento musical de cordas é uma manifestação do eu do artista, dos seus sentimentos e emoções, de seu mundo interior. Nesse tipo de texto, há muita musicalidade, sonoridade; Épico: está vinculado aos fatos históricos e às realizações humanas, revelados pelo  artista como observador que transfigura em sua obra o mundo exterior; Dramático: possui a sua manifestação no trágico e no cômico, procura representar o conflito dos homens e seu mundo; Didático (moral, político, filosófico); Oratório(sermão, discurso); Crítico ( ensaio histórico, literário, filosófico) etc.
Texto Poético: Poesia: qualidade particular de tudo que se toca no espírito, provocando emoção e prazer estético (Maia); coisa abstrata que se sente (Queneau) arte da linguagem , geralmente, associada `a versificação,permitindo evocar e sugerir, através da seleção e combinação harmoniosa das palavras, do ritmo e da musicalidade, uma infinidade de sensações, é resultante  e provocadora de estímulos e emoções; Poema:  composição concreta que se lê; expressão verbal rítmica ( Queneau),  é uma expressão verbal rítmica, expressão de tudo o que existe, o material do poeta é a vida, é passível de existência no mundo mágico da imaginação,ocupa um espaço particular na página –versos- com repetição de acentos e sonoridades, rimas assonâncias, aliterações; possui figuras de linguagem, os ecos entre as palavras, maior liberdade em relação à construção sintática ; Poema em Prosa: apresenta rimas internas, paralelismo, apesar de  ter uma forma cursiva de escrita; Poema Concreto: ruptura com a sintaxe tradicional e disjunção das palavras; abolição do verso linear e a ampliação das possibilidades de leitura; associação da comunicação verbal e visual.
Versificação:números de sílabas ( monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos- redondilha menor, hexassílabos, heptassílabos-redondilha maior, octossílabos, eneassílabos, decassílabos-heróicos/sáficos, hendecassílabos, dodecassílabos-alexandrinos; Ritmo de um verso ou de um poema, deve-se à distribuição das sílabas átonas e tônicas- binário, ternário, cumulativo ou  quaternário, crescente, livre; Rima: emparelhadas AABB, alternadas- cruzadas ABAB,opostas, ou enlaçadas, ou interpoladas ABBA ,misturadas, brancas, perfeita e imperfeita , toante, apenas a vogal tônica rima e soante, rima com os mesmos sons a partir da última vogal tônica. Estrofe: monóstico, dístico, terceto, quarteto ou quadra, quintilha, sextilha, septilha ou setilha, oitava, décima.;Soneto: composto por dois quartetos e dois tercetos.
Narrativas em Prosa: Conto, Narrativa curta que procura registrar um conflito do qual um número reduzido de personagens participa. Com a introdução muito próxima do desfecho, o conto apresenta uma só unidade de ação, em um espaço limitado. Esta ação costuma ter uma intensa carga dramática em um  único local. É característica  do contista evitar divagações ou descrições exageradas, eliminando detalhes inúteis para narrar apenas o essencial; Crônica: “Muitas vezes é difícil estabelecer as diferenças entre o conto e a crônica, pois desta também participam  personagens, o tempo e o espaço estão  claramente definidos e um pequeno enredo é desenvolvido. Ao tratar de fatos ou acontecimentos que caracterizam uma parte da sociedade, a crônica exprime o estado emotivo do cronista ( crônica lírica), apresenta uma reflexão a partir de um  fato  ou  evento ( crônica filosófica), dá-nos uma visão irônica ou cômica dos fatos crônica humorística) ou trata de aspectos particulares das notícias ou dos fatos (crônica esportiva, policial, política etc.)”  Obs: Crônica Histórica ; Novela: A novela caracteriza-se por uma pluralidade dramática, uma série de células encadeadas, com relativa autonomia; Romance - O romance apresenta uma narrativa mais longa que a novela- de amor, de aventura, policial, de ficção científica; Epopéia: a mais antiga forma de narrativa, em versos narra um fato heróico ou lendário, procura exaltar um sentimento coletivo- político, religioso, humanitário, patriótico ( Maia, 2000)
Literatura Infantil: Inicia-se a partir do século XVIII, quando a criança passa a ser  considerada um ser diferente do adulto. A criança da nobreza lia os clássicos, as demais crianças liam ou ouviam histórias da cavalaria, de aventuras. Na Europa apareceram as obras de Comenius, Basedow, Campe, Fénélon, entre outros.Perrault e os Irmãos Grimm publicaram contos folclóricos, de fadas. Surgiram outros escritores, de várias nacionalidades: Andersen, Carlo Collodi, Amicis, Lewis Carroll, J. M. Barrie, Mark Twain, Charles Dickens, Ferenc Molnar.Brasil : A literatura teve início em obras pedagógicas e sobretudo adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias.Tais como: Carlos Jansen ( Contos seletos das mil e uma noites, Robinson Crusoé, As Viagens de Gulliver a terras desconhecidas) , Figueredo Pimentel ( Contos da Carochinha), Coelho Neto e Olavo Bilac (Contos Pátrios) e Tales de Andrade ( Saudade). A verdadeira literatura infantil no Brasil teve início com Monteiro Lobato. ( Maria Antonieta  A . Cunha, Literatura Infantil- Teoria e Prática)
O autor da LI: Geralmente é um adulto a escrever a uma criança. Se este for um artista, seu discurso abrirá horizontes, proporá reflexão  e recriação, estabelecerá a divergência. Ela serve tanto para crianças como adultos.Às vezes, o narrador se infantiliza, todavia esse estilo nem sempre agrada aos leitores, porque a criança possui o vocabulário passivo dos adultos e o seu vocabulário ativo.O narrador não deve elaborar um texto complexo.
Características da narrativa da LI:  Estrutura linear, tempo cronológico, personagens planas ou estacionárias, que não evoluem no decorrer da narrativa. A criança se interessa por livros cheios de aventuras, peripécias e situações imprevistas. Gostam do discurso direto e indireto livre pela economia . O final da história para as crianças deve  ser do tipo feliz.
Livros e fases : Fase do mito (3 / 4  a 7/8 anos) . Predomina  nela a fantasia, o animismo: tanto quanto as pessoas, os objetos têm para a criança alma, reações. Não existe  diferença  entre a realidade e fantasia, e a leitura a ser feita é de maravilhas: fadas, lendas, mitos. Fase Robinsonismo ( 7/8 a 11/12 anos). Essa fase se caracteriza pelo conhecimento da realidade. A criança tem então maior necessidade de ação: do plano contemplativo da fase anterior, passa ao executivo. Interessa-se pela experiência do homem e da ciência. Valoriza o esforço pessoal, o engenho do herói para vencer os obstáculos.Fase do pensamento racional: ( 11/12 anos até a adolescência). Começa o domínio das  noções abstratas. Caracteriza-se  por uma segunda fase egocêntrica, porém tem caráter social, pois o indivíduo passa a ver  o outro, o sexo oposto...para essa faixa etária, desde 1975, no Brasil, desenvolve-se uma literatura realista que abordam os temas de morte:desquite, ecologia, política, problemas sociais.
Fábulas: Teve a sua origem no Oriente. No séc. VI  a . C. foi reinventada por Esopo, grego . No séc. I d. C.  foram  aperfeiçoadas  por Fedro , escravo romano. No séc. XII , foram divulgadas  por La Fontaine – francês, principalmente pelo uso de animais em seu conteúdo. No final do séc. XVII, Charles Perrault, francês, publicou contos de Mamãe gansa com outras  histórias, A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, O gato de Botas, as Fadas, A Gata Borralheira, O menino de Topete e o Pequeno Polegar. No final do séc. XVIII, início do séc. XIX, Jacob e Wilhelm Grimm, alemães publicaram fábulas já conhecidas, mas procuraram criar, `s vezes, um outro desfecho e no Brasil Sílvio Romero recolheu contos que pertenciam  à tradição dos índios, dos africanos e dos europeus que viviam no país. Nas primeiras décadas do séc. XX , Luís Câmara Cascudo , recolheu contos  tradicionais, folclóricos no Brasil, fez a sua Antologia do Conto Popular Brasileiro.
 

 
Material elaborado pela Profª Vera Lúcia Grando

Nenhum comentário:

Postar um comentário