PROF.ª DRª VERA LÚCIA GRANDO
Literatura Infantil
Literatura:
“arte de escrever; escritura; gramática,
instrução; conhecimentos literários.Palavra de origem latina litteratura, derivada
de littera, letra” ( Dicionário Houaiss, 2001).
“Diz respeito aos textos que possuem uma preocupação estética, provocando prazer
e conhecimento por sua forma, conteúdo
e organização. Sendo expressão do homem, é um meio privilegiado
de comunicação , pois explora todas as potencialidades da linguagem. A
literatura busca o essencial, o universal, contribuindo para a formação dos
homens, indicando-lhes modos de agir, retratando-os em seus desejos,
angústias e prazeres. Desse modo, faz com que o homem se conheça cada vez
melhor”(Maia, Português, 2000).
“ .... a literatura existe... Ela tem suas instituições,
seus ritos, seus heróis, seus conflitos, suas exigências. Ela é vivida cotidianamente pelo homem civilizado
e contemporâneo como uma experiência específica, que não se assemelha a
nenhuma outra”( R. Escarpit,
A literatura é “ uma atividade artística
que, sob multiformes modulações , tem
exprimido e continua a exprimir, de modo inconfundível, a alegria e a angústia, as certezas e os enigmas do
homem” ( Aguiar e Silva, Teoria da Literatura, 1979).
“A literatura é uma posição culta, inserida numa tradição
cultural que, se tem o respaldo de
muitos séculos, tem também a
civilização burguesa por horizonte” ( Lajolo,
O que é Literatura, 1983)
“a literatura leva ao extremo a
ambigüidade da linguagem: ao mesmo tempo em que cola o homem às coisas,
diminuindo o espaço entre o nome e o
objeto nomeado, a literatura dá
a medida do artificial e do provisório da relação. Sugere o arbitrário
da significação, a fragilidade da aliança e, no limite, a irredutibilidade de
cada ser. É , pois esta linguagem instauradora de realidades e fundante de
sentidos a linguagem de se tece a
literatura” ( Lajolo, 1983)
“ A
linguagem parece tornar-se literária quando seu uso instaura um
universo, um espaço de interação de subjetividades ( autor e leitor) que escapa ao imediatismo, à predictibilidade e ao esteriótipo das situações e usos da
linguagem que configuram a vida cotidiana.” ( Idem)
“Daí o engano de quem acha que o caráter humano
e formador da literatura vem da natureza ou quantidade de informações que ela
propicia ao leitor. Literatura não transmite nada. Cria. Dá existência plena
ao que, sem ela, ficaria no caos do inomeado e , conseqüentemente, do não
existente para cada um. E , o que é
fundamental, ao mesmo tempo que cria, aponta para o provisório da criação” (
Idem).- Ressalva: A experiência do poeta é recriada na experiência do leitor.
“O mundo da literatura, como o
da linguagem, é o mundo do possível. Esta afirmação não tem nada de novo. Já
Aristóteles, respondendo Platão, dizia
que, enquanto a história narrava o
que realmente tinha acontecido, o que
podia acontecer ficava por conta da literatura............... Não se trata,
portanto, de banir da literatura o cotidiano, o hoje, o aqui e o agora. Antes pelo contrário. A história vivida e
sofrida pela multidão de leitores está sempre presente, no direito ou no
avesso do texto.” ( Idem).
“O mundo representado na
literatura, simbólica ou realistamente, nasce da experiência que o escritor
tem de uma realidade histórica e
social muito bem delimitada. O universo que autor e leitor compartilham, a
partir da criação do primeiro e da recriação do segundo, é um universo que
corresponde a uma síntese – intuitiva ou racional, simbólica ou realista – do
aqui e agora que se vive” ( Idem).
|
|
Funções da Literatura:
instrumento de conhecimento do mundo (do passado, do presente, da mentalidade
de uma época, de outras civilizações); instrumento de conhecimento do homem
(do autor, quando se trata de autobiografia; de si mesmo, se considerada como
um espelho no qual nos reconhecemos; e do outro, se vista como um espelho da
humanidade); instrumento de formação e desenvolvimento intelectual, moral
ideológico e estético.Ela é energia
que produz modificações nas mentalidades, contribuindo para a transformação
coletiva e individual” (Maia, 2000).
|
|
Gêneros Literários: Lírico, de lira,
instrumento musical de cordas é uma manifestação do eu do artista, dos seus
sentimentos e emoções, de seu mundo interior. Nesse tipo de texto, há muita
musicalidade, sonoridade; Épico: está vinculado aos fatos históricos e
às realizações humanas, revelados pelo
artista como observador que transfigura em sua obra o mundo exterior; Dramático:
possui a sua manifestação no trágico e no cômico, procura representar o
conflito dos homens e seu mundo; Didático (moral, político,
filosófico); Oratório(sermão, discurso); Crítico ( ensaio
histórico, literário, filosófico) etc.
|
|
Texto Poético: Poesia:
qualidade particular de tudo que se toca no espírito, provocando emoção e
prazer estético (Maia); coisa abstrata que se sente (Queneau) arte da
linguagem , geralmente, associada `a versificação,permitindo evocar e
sugerir, através da seleção e combinação harmoniosa das palavras, do ritmo e
da musicalidade, uma infinidade de sensações, é resultante e provocadora de estímulos e emoções; Poema: composição concreta que se lê;
expressão verbal rítmica ( Queneau), é
uma expressão verbal rítmica, expressão de tudo o que existe, o material do
poeta é a vida, é passível de existência no mundo mágico da imaginação,ocupa
um espaço particular na página –versos- com repetição de acentos e
sonoridades, rimas assonâncias, aliterações; possui figuras de linguagem, os
ecos entre as palavras, maior liberdade em relação à construção sintática ; Poema
em Prosa: apresenta rimas internas, paralelismo, apesar de ter uma forma cursiva de escrita; Poema
Concreto: ruptura com a sintaxe tradicional e disjunção das palavras;
abolição do verso linear e a ampliação das possibilidades de leitura;
associação da comunicação verbal e visual.
|
|
Versificação:números
de sílabas ( monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos,
pentassílabos- redondilha menor, hexassílabos, heptassílabos-redondilha
maior, octossílabos, eneassílabos, decassílabos-heróicos/sáficos,
hendecassílabos, dodecassílabos-alexandrinos; Ritmo de um verso ou de
um poema, deve-se à distribuição das sílabas átonas e tônicas- binário,
ternário, cumulativo ou quaternário,
crescente, livre; Rima: emparelhadas AABB, alternadas- cruzadas
ABAB,opostas, ou enlaçadas, ou interpoladas ABBA ,misturadas, brancas,
perfeita e imperfeita , toante, apenas a vogal tônica rima e soante, rima com
os mesmos sons a partir da última vogal tônica. Estrofe: monóstico,
dístico, terceto, quarteto ou quadra, quintilha, sextilha, septilha ou
setilha, oitava, décima.;Soneto: composto por dois quartetos e dois
tercetos.
|
|
Narrativas em Prosa: Conto,
Narrativa curta que procura registrar um conflito do qual um número reduzido
de personagens participa. Com a introdução muito próxima do desfecho, o conto
apresenta uma só unidade de ação, em um espaço limitado. Esta ação costuma
ter uma intensa carga dramática em um
único local. É característica
do contista evitar divagações ou descrições exageradas, eliminando
detalhes inúteis para narrar apenas o essencial; Crônica: “Muitas
vezes é difícil estabelecer as diferenças entre o conto e a crônica, pois
desta também participam personagens, o
tempo e o espaço estão claramente
definidos e um pequeno enredo é desenvolvido. Ao tratar de fatos ou
acontecimentos que caracterizam uma parte da sociedade, a crônica exprime o
estado emotivo do cronista ( crônica lírica), apresenta uma reflexão a partir
de um fato ou
evento ( crônica filosófica), dá-nos uma visão irônica ou cômica dos
fatos crônica humorística) ou trata de aspectos particulares das notícias ou
dos fatos (crônica esportiva, policial, política etc.)” Obs: Crônica Histórica ; Novela:
A novela caracteriza-se por uma pluralidade dramática, uma série de células
encadeadas, com relativa autonomia; Romance - O romance
apresenta uma narrativa mais longa que a novela- de amor, de aventura,
policial, de ficção científica; Epopéia: a mais antiga forma de
narrativa, em versos narra um fato heróico ou lendário, procura exaltar um
sentimento coletivo- político, religioso, humanitário, patriótico ( Maia,
2000)
|
|
Literatura Infantil: Inicia-se
a partir do século XVIII, quando a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto. A
criança da nobreza lia os clássicos, as demais crianças liam ou ouviam
histórias da cavalaria, de aventuras. Na Europa apareceram as obras de
Comenius, Basedow, Campe, Fénélon, entre outros.Perrault e os Irmãos Grimm
publicaram contos folclóricos, de fadas. Surgiram outros escritores, de
várias nacionalidades: Andersen, Carlo Collodi, Amicis, Lewis Carroll, J. M.
Barrie, Mark Twain, Charles Dickens, Ferenc Molnar.Brasil :
A literatura teve início em obras pedagógicas e sobretudo adaptadas de
produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias.Tais
como: Carlos Jansen ( Contos seletos das mil e uma noites, Robinson Crusoé,
As Viagens de Gulliver a terras desconhecidas) , Figueredo Pimentel ( Contos
da Carochinha), Coelho Neto e Olavo Bilac (Contos Pátrios) e Tales de Andrade
( Saudade). A verdadeira literatura infantil no Brasil teve início com
Monteiro Lobato. ( Maria Antonieta A .
Cunha, Literatura Infantil- Teoria e Prática)
|
|
O autor da LI: Geralmente
é um adulto a escrever a uma criança. Se este for um artista, seu discurso
abrirá horizontes, proporá reflexão e
recriação, estabelecerá a divergência. Ela serve tanto para crianças como
adultos.Às vezes, o narrador se infantiliza, todavia esse estilo nem sempre
agrada aos leitores, porque a criança possui o vocabulário passivo dos
adultos e o seu vocabulário ativo.O narrador não deve elaborar um texto
complexo.
|
|
Características da narrativa
da LI: Estrutura linear, tempo
cronológico, personagens planas ou estacionárias, que não evoluem no decorrer
da narrativa. A criança se interessa por livros cheios de aventuras,
peripécias e situações imprevistas. Gostam do discurso direto e indireto
livre pela economia . O final da história para as crianças deve ser do tipo feliz.
|
|
Livros e fases : Fase
do mito (3 / 4 a 7/8 anos) .
Predomina nela a fantasia, o animismo:
tanto quanto as pessoas, os objetos têm para a criança alma, reações. Não
existe diferença entre a realidade e fantasia, e a leitura a
ser feita é de maravilhas: fadas, lendas, mitos. Fase Robinsonismo (
7/8 a 11/12 anos). Essa fase se caracteriza pelo conhecimento da realidade. A
criança tem então maior necessidade de ação: do plano contemplativo da fase
anterior, passa ao executivo. Interessa-se pela experiência do homem e da
ciência. Valoriza o esforço pessoal, o engenho do herói para vencer os
obstáculos.Fase do pensamento racional: ( 11/12 anos até a
adolescência). Começa o domínio das
noções abstratas. Caracteriza-se
por uma segunda fase egocêntrica, porém tem caráter social, pois o
indivíduo passa a ver o outro, o sexo
oposto...para essa faixa etária, desde 1975, no Brasil, desenvolve-se uma
literatura realista que abordam os temas de morte:desquite, ecologia,
política, problemas sociais.
|
|
Fábulas: Teve a sua origem no Oriente. No séc.
VI a . C. foi reinventada por Esopo,
grego . No séc. I d. C. foram aperfeiçoadas por Fedro , escravo romano. No séc. XII ,
foram divulgadas por
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário