quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Foto: Aline Pires, Biblioteca Livre, Teatro Municipal de Cerquiilho, 2013.

Cerquilho recebe doações de livros, CDs e DVDs
para os espaços de cultura

No início de 2013, a deputada Rita Passos, através do vereador Xano Grando, enviou ao Teatro Municipal de Cerquilho uma doação de quase 300 livros, CDs e DVDs de várias instituições culturais, museus e da Secretaria de Estado de Cultura.
As bibliotecárias responsáveis pela Biblioteca Municipal “Guilherme de Almeida” e pela Sala de Leitura “Elizabeth Goldfarb”, que funciona na Estação Cultura, escolheram livros de literatura, biografias, entre diversos temas. Machado de Assis, Haroldo de Campos, Bartolomeu Campos de Queirós e Edgar Allan Poe são autores contemplados nesta doação valiosa.
Parte da doação foi destinada à Biblioteca Livre, que funciona na recepção do Teatro Municipal de Cerquilho de 3ª a 6ª-feira das 13 às 15 horas e nos horários de espetáculos. A Biblioteca Livre foi criada em abril de 2013 a partir de doações de Cristiane Grando (idealizadora), Vera Lúcia Grando, Sindicato Rural de Cerquilho, Paula Silva, Francisca Ivonete Nascimento da Silva, Marli Rezende da Silva, Ana M. P. Pakes, Fabiana Grando, Armando Ferrari, Rosa Flora, Deputada Rita Passos (através do vereador Xano Grando), Ibis Libris Editora, Dubolsinho Editora, Antonio Miranda, Uberto Stabile, Espaço IDEA, Maria Genil Zanete Pérez, Gustavo Copetti, entre outros, a quem agradecemos. A população está convidada a frequentar a Biblioteca Livre, levar livros para leitura em casa e, se desejar, doar livros novos ou usados.
14 CDs foram entregues ao Projeto Guri, localizado na Estação Cultura (ao lado do Clube da Terceira Idade), onde os estudantes poderão apreciar esse rico material sonoro a fim de aperfeiçoar os seus estudos de música.
Em nossa política de valorização do livro e da leitura, está programada para este ano a criação de mais uma biblioteca, neste caso em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que desenvolveu um projeto de consciência ecológica vinculado à leitura. A biblioteca funcionará na recepção do Espaço Municipal de Cultura, na Rua São José, 565, onde a Coordenadoria de Cultura organiza atualmente cursos e oficinas gratuitos de dança, escultura, grafite, teatro e vídeo.

sábado, 13 de julho de 2013

PARADIGMA DA INCLUSÃO SOCIAL

O PARADIGMA DA INCLUSÃO ESCOLAR

*Emiliana Maria Grando Gaiotto

RESUMO
O simples fato de um município ou uma escola participar do processo de inclusão escolar, não significa que esteja conseguindo implementar as Leis de Diretrizes Básicas Educacionais. Devemos considerar que qualquer  ideologia para mudança social depende de um bom projeto pedagógico e todos devem estar focados neste objetivo comum  de concretizar a mudança (diretor, professor, escola e comunidade). Neste trabalho analisamos como as Escolas Municipais de Ensino Infantil de uma cidade do interior de São Paulo procuram se adequar para concretizar a Lei da inclusão escolar e quais as principais dificuldades encontradas. Para a pesquisa, utilizou-se como instrumento, um roteiro com questões sobre a inclusão escolar e relativas ao diagnóstico da saúde dessa criança com a finalidade de analisar o preparo da equipe escolar para o recebimento desse aluno. A inclusão escolar por ser muito nova e complexa, acrescida da falta de preparo da equipe escolar e de um bom  planejamento, mostra que mesmo em um município pequeno, com renda per capita boa, ainda o planejamento escolar no que concerne a inclusão,  precisa ser desenvolvido e aprimorado. Além disso,  diretores, coordenadores pedagógicos, professores e comunidades devem trabalhar juntos para conseguir realizar o propósito de oferecer oportunidades iguais para que cada pessoa seja autônoma e autosuficiente, caminhando assim para  uma sociedade mais inclusiva, uma vez que a pesquisa realizada nos aponta que ainda não existe um preparo necessário e atitudes coerentes dos profissionais e das instituições públicas no processo de  Inclusão Escolar.
Palavras -chave: inclusão escolar, projeto pedagógico e preparo da equipe escolar.

I-                   INCLUSÃO E LEI DE DIRETRIZES E BASES.
Uma avaliação histórica da sociedade  leva-nos  a refletir que o preconceito é a forma que a sociedade utiliza para segregar as minorias,as quais ao longo do tempo têm de se estruturar com lutas e mobilizações para que novas leis sejam implementadas e que o direito de ir e vir seja prevalecido a favor delas. Dentre essas minorias temos o aluno com necessidade especial,o qual foi inserido no ensino regular com o objetivo de que a sociedade tenha um novo olhar para ele,pois era excluído do convívio social.
Na Espanha, a Declaração de Salamanca reafirmou a Declaração de Direitos Humanos nas Nações Unidas, na Conferência Mundial de Educação Especial realizada pela ONU em 1994. Ali assinaram as normas sobre o direito das crianças com deficiência terem acesso à escola regular.
Atualmente, a inclusão escolar no ensino regular no Brasil não é um mais um tema só de debates, tornou-se lei, após a Declaração de Salamanca, implantou-se em 1996  a Lei 9394 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional como modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais, segundo Revista Inclusão de julho de 2006.
Como podemos notar esse novo procedimento diante dos portadores de necessidades especiais é ainda muito recente em termos de Educação Nacional. Vale lembrar que a classificação das ciências não é simples, o que exige mais atenção no momento da classificação de um aluno, pois a palavra deficiente refere-se ao problema concreto de ordem fisiológica do indivíduo ( falta de um membro, alteração, lesões, cegueira, surdez, paralisia... o que condiciona as habilitações de um indivíduo, sensório-motoras, cegueira. Também essa palavra pode se referir àqueles  que têm restrições múltiplas. Para um professor leigo é difícil reconhecer e saber o nível de deficiência de um aluno assim que começam as aulas,uma vez que as escolas ainda estão no processo de adaptação para esse novo paradigma de ensino. É um projeto ousado que implica em mudanças culturais, comportamentais e de reestruturação de toda uma metodologia de ensino.Deste modo há a necessidade de haver uma ficha técnica passada aos professores pelos especialistas, que nem sempre a escola tem, pois o aluno se desloca para outras  escolas em há para fazer atividades em parceria.
  Cuero ( Como promover a inclusão escolar enfrentando as mudanças propostas pelo paradigma da inclusão,2011) diz que aquilo que faz uma Escola ser inclusiva é um bom projeto pedagógico e que a inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. Segundo ela, envolve, também, um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso às oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela Instituição de Ensino. Acrescenta que isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros dos alunos e que o simples fato de colocar alunos lado a lado, deficientes ou não, não garante, por si só, a manifestação de interações e formas de ajuda positivas, podendo mesmo ocorrer atitudes negativas. Por sua vez, afirma que é, sem dúvida, enorme a capacidade dos alunos de se ajudarem mutuamente. Mas para que esta capacidade se manifeste em toda a sua plenitude é necessário que os professores liderem o processo, encorajem e cooperem com os alunos.
Complementamos dizendo que se por um lado houve um grande avanço em relação aos espaços físicos escolares, já que em algumas escolas há elevadores, em outras rebaixamento dos degraus , rampa, corrimão e acesso de material didático (livros-audio,apostilas em Braille, brinquedo pedagógico, máquina em Braille, computador com várias tecnologias, por outro ainda os professores na redes públicas e particulares ainda não têm as práticas pedagógicas muito bem definidas, muitas vezes por falta de recurso, outras por não saber lidar com a situação no contexto, na tentativa de entender e reconhecer, conviver, compartilhar, acolher pessoas superdotadas,com deficiência física ou mental, estigmatizada, enfim diferentes grupos.
Citamos também, Caldeira (Os Efeitos da Inclusão do desenvolvimento do  Aluno Portador de Disfunção Neuromotora Grave ,2004), Apud Schaffner & Buswell (1999) que apontam para a necessidade de desenvolvimento de uma equipe de apoio na escola, tanto para os professores como para os alunos com o objetivo de avaliar o processo de criação de uma escola inclusiva. Comenta que essa equipe poderia ser constituída por professores de classe, pais, terapeutas e supervisores e que o objetivo dessa equipe seria o de se reunir para debater, resolver, trocar idéias, técnicas, métodos e atividades que auxiliassem os professores e os alunos a serem bem-sucedidos em seus papéis, pois acredita que incluir um aluno portador de necessidades educacionais especiais na escola comum significa concretizar os direitos dessa pessoa de conviver em um ambiente natural onde a diversidade é possível.


II-                DOS OBJETIVOS DA PESQUISA

Tomando como embasamento teórico os autores acima, fizemos uma pesquisa com o intuito de analisarmos as principais dificuldades que a equipe escolar apresenta para trabalhar com alunos de necessidades especiais nas Escolas Municipais de Ensino Infantil do Município de Cerquilho.
O interesse sobre o tema não teve apenas um caráter pessoal, como também o da intenção de desenvolver um projeto em que envolva a os cidadãos de Cerquilho, a comunidade escolar, por intermédio, a priori,  de uma ONG para melhoria da qualidade de ensino e interação dos alunos deficientes.  O objetivo final foi de avaliar se as escolas de Cerquilho de Educação Infantil apresentavam  algum diferencial ou preparo no aspecto da inclusão escolar já que o ensino da cidade de Cerquilho sempre recebeu boa avaliação estadual.
Ao iniciarmos o estudo acreditávamos que as principais dificuldades para a realização da inclusão escolar eram a falta de preparo da equipe escolar e a má adequação do planejamento escolar  para o recebimento do aluno com necessidades especiais, pois a  inclusão escolar é um item recente no curriculum escolar em nível nacional e é complexa, uma vez que se deve levar em conta a individualidade do aluno.
Para a investigação dos dados, utilizamos como instrumento um roteiro com questões sobre a inclusão escolar e outras relativas ao diagnóstico da saúde de uma criança portadora de necessidades especiais com a finalidade de analisar o preparo da equipe escolar para o recebimento dela no Ensino Infantil de Cerquilho.
III.  DAS DIFICULDADES DA INCLUSÃO.
No resgate histórico da inclusão constatamos que o preconceito para com os deficientes é tão antigo como a própria existência humana. Existem registros históricos que revelam de como os deficientes eram tratados. Vejamos um exemplo de Sêneca:
”Nós matamos os cães danados, os touros ferozes e indomáveis, degolamos as ovelhas doentes com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças, se forem débeis ou anormais, nós a afogamos: não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las”. (MACEDO 2011 apud Sêneca, Sobre a Ira, I, XV[2]).

De acordo com a cartilha da FEBRABAN (População com deficiência no Brasil fatos e percepções,2006), somente na Idade Média com a influência da Igreja Católica, que considerava todos como criaturas de Deus, os deficientes deixaram de ser mortos para serem abandonadas. Como para a sociedade essas pessoas passaram a causar incômodo, por volta do século XII, surgiram instituições, longe dos grandes centros, para abrigar principalmente pessoas com deficiência mental, onde foram criadas as primeiras legislações com o intuito de garantir o direito à sobrevivência e assegurar os bens daqueles que possuíam uma deficiência mental. Somente em 1960, a institucionalização começou a ser examinada criticamente e dois novos conceitos passaram a circular no debate social: normalização e desinstitucionalização. Entretanto, normalizar o indivíduo com deficiência passou a não fazer sentido e diante disso, chegou-se à conclusão de que a sociedade também teria sua parcela de contribuição no processo de inserção das pessoas com deficiência.
FEBRABAN(2006) refere que o mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), abriga cerca de 610 milhões de pessoas com deficiência, das quais grande parte vive em países em desenvolvimento. Os dados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informam que 24,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que equivale a 14,5% da população nacional, percentual bastante superior aos levantamentos anteriores, nos quais se observava um contingente inferior a 2%. Isto não ocorre em função do aumento de incidência de deficiências, mas pela melhora dos instrumentos de coleta de informações que seguem as últimas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Diante as estatísticas mundiais, as organizações internacionais vêm se mobilizando para garantir que os portadores de necessidades especiais tenham acesso à educação.
 Gomes e Barbosa (Inclusão escolar do portador de paralisia cerebral: atitudes de professores do ensino , 2006) argumentam  que “O direito de toda criança à educação, consignado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (UNITED NATIONS, 1948), foi reiterado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990). Mais recentemente, com a Declaração Mundial de Salamanca (UNESCO, 1994), este direito também foi assegurado para um segmento escolar que, até então, era pouco considerado: trata-se dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais (PNEE)”.

Por sua vez, Emuno (Avaliação assistida para crianças com necessidades educacionais especiais: um recurso auxiliar na inclusão escolar ,2005) considera que a proposta de inclusão escolar é dominante na Educação Especial e na Educação em geral nas últimas décadas, direcionando programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países, incluindo-se o Brasil. Exige a transformação da escola, defendendo a inserção de alunos com quaisquer necessidades no ensino regular, cabendo às escolas se adaptarem às características dos alunos, o que leva à ruptura com o modelo tradicional de ensino.
Segundo a Constituição Federal de 1988 e a Lei n. 9394/96, a educação especial para educados portadores de necessidades especiais deverá ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, tendo a capacitação dos professores para um atendimento especializado em suas metas principais. As chamadas necessidades especiais podem ser definidas de acordo com a capacidade ou dificuldade de aprendizagem.
As Leis de Diretrizes Básicas Educacionais sobre a Educação Especial são: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação.
O fato do município ou escola participar do processo de inclusão, não significa que está ocorrendo o processo de inclusão; a mudança depende das redes sociais desenvolvidas, de um bom projeto pedagógico e todos estarem voltados para realizar a mudança (diretor, professor, escola e comunidade).E ainda não podemos nos esquecer que além do conteúdo, da interação, esses alunos, principalmente deficientes visuais e surdos devem ser preparados para o mercado do trabalho, pois devem sair da escola competindo com os considerados “normais”. Para isto, os professores devem estar muito bem preparados, porque o quanto mais esses alunos puderem ser independentes, mais provavelmente desempenharão o seu papel de cidadão na sociedade.
Outra citação foi retirada do ambiente virtual de aprendizagem – AVA da Universidade Nove de Julho – Uninove,na qual há a afirmação de que educar para a diversidade é ensinar os indivíduos a conviverem com as diferenças entre as pessoas e esse é um dos desafios da educação inclusiva, de que a inclusão precisa ser pensada sob diversos aspectos, visando à preparação não só dos portadores de necessidades especiais, mas também das pessoas excluídas socialmente e daquelas que irão acolhê-las, fornecendo-lhes condições sociais e estruturais para que ela ocorra,e de que assim, tem-se a visão de que todos precisam aprender a conviver com as diferenças, respeitando cada um do que jeito que é, a despeito da desvantagem física ou social que apresente.
Mencionamos que quando a escola recepciona um aluno com necessidades especiais, toda a equipe escolar deve receber treinamento do diagnóstico dessa criança, quais os comportamentos comuns dessa necessidade especial, pois a partir desse treinamento é que a equipe escola deve planejar:
·         Adaptação física.
·         Professor que se enquadra para esse tipo de diagnóstico.
·         Necessidade de um professor auxiliar.
·         Material didático aperfeiçoado.
·         Adaptações de brincadeiras.
·         Suporte intersetorial e multidisciplinar se necessário.
·         Verificar apoio familiar.
·         Avaliação do grupo
O Gestor da escola é muito importante nesse processo, pois deve avaliar os valores que a equipe tem, não ter somente uma relação hierarquizada, onde acredita que apenas o professor deva realizar essa tarefa, deve participar do processo e colaborar para que o objetivo seja concluído. Muitos gestores apresentam um sentimento que não se tem tempo para nada devido à burocracia que as escolas têm e por isso muitos dizem que falta tempo para planejar,. Outra forma de comportamento é a perda de sustentação do saber humanista realizando projetos pedagógicos ou mesmo não realizando sem avaliar o modo de vida e o processo cultural da criança com necessidades especiais. Esses tipos de comportamentos dos gestores apenas promovem sentimento de frustração, incompetência e muitas vezes causando exclusão para esses alunos que são deixados no fundo das salas de aula.
            A escolha de um profissional humanizado é muito importante (sabemos que não aprendemos isso na faculdade), e que apesar do conceito de psicologia que não devemos carregar a culpa, infelizmente não é assim, assumimos uma posição que no dia-a-dia temos que nos envolver. Cabe ao diretor e coordenador pedagógico, avaliar se o professor está conseguindo realizar o que foi proposto, e dar apoio quando necessário e não simplesmente deixar o professor resolver tudo sozinho, pois é uma situação nova e cada aluno requer uma forma de ensinar.
Colocamos mais uma vez a importância das escolas que recebem deficientes, apresentarem projetos pedagógicos como uma possibilidade de ampliação para a capacitação desses alunos considerados diferentes do grupo devido às suas necessidades especiais. Todavia, os órgão governamentais deverão investir muito não só em aparelhos que possibilitem mais independência aos alunos, mas também investir em professores, oferecendo-lhes cursos gratuitos, sejam presenciais ou on-line.

 Cuero (2011) comenta que os professores colocam seu temor, diante do sistema educacional e social inclusivo, de serem cobrados e avaliados como incompetentes ao não conseguir atingir o objetivo de ensinar os alunos com deficiência.
            Somente o conhecimento e adaptações físicas e pedagógicas não terão sucesso quando a equipe não estiver motivada.  A motivação é a base para resolver problemas, e é um desafio, pois é difícil realizar uma tarefa nova com sentimentos que estamos fazemos sem qualidade. Quando o profissional tem condições de trabalho e apoio, faz  que tenha o sucesso esperado, que é ensinar e incluir um aluno com necessidades especiais, seja realizado.

IV – DO LOCAL DA PESQUISA INCLUSIVA

Cerquilho possui uma área de 126 km2 e está localizado na região Centro-Leste do Estado de São Paulo, zona fisiográfica de Piracicaba. O município não possui favelas, têm 100% de abastecimento de água tratada, energia elétrica, rede de esgoto em toda cidade e vias públicas asfaltadas. Sendo 80% da economia industrial, 10% comercial, 5% pecuária e agricultura e 5% prestação de serviços. No último censo (2010) contabilizou a população em 39.617 habitantes. A Secretaria Municipal de Educação de Cerquilho conta com os seguintes projetos na área de inclusão: A contratação de Intérprete de LIBRAS no âmbito escolar e Incluindo alunos com Síndrome de Down- Cartilha e diversos projetos em conjunto com outras secretarias.
Cerquilho tem na rede pública sete Escolas Municipais de Ensino Infantil Integral, seis Escolas Municipais de ensino Infantil, uma Escola de Jovens e Adultos, dez Escolas Municipais de Ensino Fundamental e uma Escola Municipal de Educação Básica Especial, duas Escolas Estaduais de Ensino Médio e uma Escola Técnica. Na rede particular apresenta cinco Escolas (Infantil, Fundamental e Ensino Médio), um SESI e uma Escola Técnica.

V- DA PESQUISA DE CAMPO

1.1 Local
            Para a realização da pesquisa, primeiramente foi feita a entrevista na Escola Municipal de Educação Básica Especial (EMEBE), onde estão 126 alunos matriculados. Nesta instituição, para se  conseguir uma vaga, o aluno deve apresentar alguma deficiência mental, pois aquele que tem  somente deficiência física, não participa das atividades escolares. O aluno que tem condições emocionais participa de um período na escola regular e participa das atividades da EMEBE.
Na entrevista, destacaram que os alunos  conseguem ir bem até o quinto ano do ensino fundamental, mas, quando passam para o sexto ano escolar,  passam a ter vários professores e, devido a esse fato, eles não querem participar mais do ensino regular, ficando somente na EMEBE.
Para a pesquisa, foi solicitada à coordenação da EMEBE quais escolas de ensino de educação infantil tinham alunos de inclusão e, nos foram indicadas três Escolas do Município para a realização da pesquisa .Notamos que há mais alunos no Ensino Fundamental que no Ensino Infantil, todavia tivemos como objetivo de análise a inclusão na escola infantil .
Foram selecionadas as três escolas do município em que havia alunos com necessidades especiais e cada uma havia apenas um aluno com necessidade especial.
 Entramos em contato com os diretores, os quais nos  encaminharam aos coordenadores pedagógicos e ou professores para a realização das nossas entrevistas.
1.2 Sujeitos
Os  dois professores e os coordenadores entrevistados pedagógicos têm idade entre vinte e nove e quarenta e seis anos, somente um não é pós -graduado (porém tem um curso da APAE), tem entre sete a vinte e cinco anos de tempo de serviço, porém para todos a inclusão é muito recente, pois esses são os primeiros alunos que estão trabalhando.
            As três crianças que serviram como sujeitos de nossa pesquisa têm entre três e quatro anos, estão matriculadas no ensino de Educação Infantil (dois meninos, de quatro anos no Pré I e uma menina de três anos  na creche) e apresentam os seguintes diagnósticos; paralisia cerebral, síndrome de Down e deficiência auditiva (somente este aluno do Pré não participa da EMEBE).
           

1.3 Instrumento de Coleta de Dados
Inicialmente entramos em contato com alguns profissionais para que pudéssemos aplicar o questionário (veja Anexo A)
Utilizou-se como instrumento um roteiro com oito questões relativas à inclusão escolar e como a pesquisadora é da área da saúde, foi incluída uma questão sobre o diagnóstico da criança.
Questão 1. Você considera que a escola está preparada para ter alunos com necessidades especiais?
Questão 2. Foi utilizado alguma estratégia ou plano pedagógico para o recebimento desse aluno? Se sim qual?
Questão 3. Você conhece o problema que esse aluno apresenta e as características das reações comportamentais que ele pode ter? Você recebeu treinamento sobre isso?
Questão 4. Como é realizado o processo de aquisição do conhecimento no aluno considerado "especial"? Este processo é diferente do realizado nos demais alunos? Qual a diferença?
Questão 5.  Você se considera um professor preparado para lidar com esse tipo de aluno? A escola oferece auxiliares para ajudar nesse processo?
Questão 6. Você já presenciou algum tipo de preconceito ou de exclusão na sala de aula?
Questão 7.  Cite algumas dificuldades e facilidades que você já enfrentou ou enfrenta durante o processo de interação como o aluno portador de necessidades educacionais especiais na sala de aula.
Questão 8. Como é a comunicação com a família e com a comunidade dessa criança, já que a escola não deve ser totalmente responsável pelo desempenho escolar dessa criança.

1.4- Resultados
Nesse tópico nos propomos a analisar as respostas coletadas aplicadas aos professores e coordenadores pedagógicos. As análises e discussões que se seguem são feitas a partir das informações obtidas via questionário.
Quanto à escola estar preparada para o recebimento do aluno com necessidades especiais, todos os entrevistados responderam  que as escolas não estão preparadas fisicamente (no caso de PC- Paralisia Cerebral, precisa de banheiro adaptado), também não possuem material apropriado para o recebimento desse aluno.
Constatamos nessa pesquisa as poucas instruções obtidas pelos professores antes de receberem o aluno, pois não foram discutidas no plano pedagógico as práticas atitudinais e não foi realizada nenhuma estratégia para o recebimento desse aluno . Os entrevistados alegaram  que apenas receberam um treinamento sobre educação inclusiva do orientador da Secretaria Municipal da Educação.
Em relação se o professor recebeu treinamento sobre o diagnóstico e seus principais comportamentos ou não, apenas uma escola recebeu orientação da SME(Secretaria Municipal de Educação) sobre a doença, mas nenhuma recebeu treinamento específico.
Sobre  a pergunta se há diferença no processo de aprendizagem em relação aos demais alunos, todos os entrevistados disseram que há diferenças, que há necessidade de dispensar mais tempo com o deficiente, devido suas limitações e consideram esse procedimento  não  correto, pois os demais, às vezes, ficam sem acompanhamento e muitos também apresentam atrasos na aprendizagem .
Quanto à pergunta sobre o professor estar preparado para trabalhar com esses alunos, todos responderam  que não o estão e que infelizmente, o aluno é deixado na escola e cabe ao professor correr atrás de se adaptar. Em uma das escolas, o coordenador disse que quando o professor não está preparado para casos especiais, o aluno fica meio que “largado” na sala de aula.
Quanto à indagação da escola ter auxiliar exclusivo para o deficiente, devido não ter a adaptação necessária, constatou-se que somente uma escola conseguiu um funcionário para ajudar na troca de fraldas, mas não auxiliava no processo da aprendizagem, cabendo somente ao professor realizar a sua tarefa.
Em relação ao preconceito em sala de aula, os entrevistados foram unânimes ao dizerem que, nessa idade entre os colegas, não há exclusão. Somente foi registrada esta situação por parte dos pais, onde houve o questionamento se o filho poderia imitar o comportamento do colega, já que é uma fase de imitações.Houve uma explicação ao pai da importância da convivência da criançacom necessidades especiais  com os demais alunos. O pai não questiou mais.
Em resposta às facilidades e dificuldades da inclusão na Educação infantil, a maioria disse que não há facilidades, pois esse processo educacional é muito novo e todos estão aprendendo. Foi destacado por um coordenador e em concordância com  a relação com os amigos que se interagem muito bem.
Quanto à participação da família e da comunidade, a família é muito presente e a comunidade somente participa quando ocorrem fóruns ou palestras, sem muito desempenho no auxílio da educação.
1.5-Considerações finais
            O estudo nos mostra que apesar das leis, as escolas ainda não estão adequadas para a realização da inclusão escolar, tanto na parte física, quanto na parte do material didático, fato constatado nas entrevistas, nas quais os entrevistados por unanimidade disseram que não estão preparados para a realização da função, apesar do esforço e das atitudes positivas.
Constatamos também, que a inclusão ficou somente para o professor, que o coordenador pedagógico e diretor têm pouca participação do processo inclusivo, apesar da ciência de todos de que no sucesso da inclusão, todos deveriam participar (escola, diretores, coordenadores pedagógicos, professores e comunidades), pois é praticamente impossível para o professor fazer tal processo sozinho, tendo que cuidar de uma  classe com  mais de 25 alunos.Apontamos ainda  que no processo de aprendizagem, há alunos que tem dificuldades na aprendizagem e necessitam também de mais atenção do professor.
 Entendemos  haver no professor um temor muito grande ao tratar das práticas pedagógicas a portadores de necessidades especiais, devido ainda ser recente esse processo inclusivo, o qual  se torna impossível quando não há muito pouco apoio ou nada. No caso pesquisa, observamos que o apoio maior vem da Secretaria Municipal, dado pelo orientador de necessidades especiais.
Reafirmamos que a falta de planejamento foi constatada quase em todas as escolas infantis e  que cada escola tem apenas um aluno especial, não existindo material didático adequado, cabendo ao professor adaptar todas as brincadeiras. Houve também  um dado, no qual um aluno especial teve troca de professor por três vezes durante esse ano e o último professor estava pouco preparado para desempenhar a função de professor de aluno especial. Esse tipo de acontecimento interfere na adaptação dessa criança, pois o deficiente necessita de um ambiente tranqüilo, sem muitas mudanças. Portanto, o planejamento é uma estratégia que deve ser analisada cuidadosamente e a escola como um todo é responsável pelo aluno, não somente o professor, pois cabe ao coordenador pedagógico verificar se o professor está preparado para desempenhar essa função.
Também avaliamos que para o melhor aproveitamento seria necessário ter o professor auxiliar para cada deficiente, no caso de deficiência auditiva, onde as libras são necessárias, o auxiliar ajudaria a interpretação. Em Cerquilho, no Ensino Fundamental há o projeto de intérprete de libras,mas  na educação infantil não está disponível, cabendo novamente o professor se adaptar.
Quanto ao comportamento dos deficientes são muitos diferenciados e alguns saem da sala de aula, gritam e o professor acaba tendo que deixar a classe para ir atrás desse aluno, nesse caso é de extrema necessidade a presença de um auxiliar, pois o professor deixa o restante da classe sozinha para cuidar do aluno especial.
Avaliamos também que a escola que recebe um aluno de necessidades especiais, deve receber treinamento específico sobre o diagnóstico, pois é pelo diagnóstico que a escola planejará suas atividades durante o ano. Verificamos que nenhuma escola tem material didático apropriado para as crianças com necessidades especiais e que para melhor compreensão da criança, apenas o professor que tem interesse realiza pós-graduação ou curso que acha importante.
Na instituição temos que fazer uma mudança cultural, pois temos que reconhecer os aspectos subjetivos das relações humanas e os valores sócio-culturais para compreendermos o problema e elaborar ações, melhorando as condições de trabalho e a qualidade no ensino.
Talvez uma boa superação dos problemas já aconteceria nas creches, quando da interação primária, professores especialistas atuariam com todos os alunos, independentemente de serem considerados portadores de necessidades especiais, ensinando-os a linguagem Braille, Libras, e a importância da valorização do ser humano, daqueles que necessitam de ajudas especiais.
Havendo uma preocupação dos órgãos governamentais, ocorrerá investimento em capital humano, seja em professores, em crianças, alunos de todas as idades, portadores ou não de necessidades especiais. Atenuariam-se  as diferenças , os preconceitos e a sociedade daria espaço e cidadania a essas pessoas consideradas diferentes e haveria um grande avanço material, intelectual, humano.
Assim para que o objetivo da inclusão escolar que é oferecer oportunidades iguais para que cada pessoa seja autônoma e auto-suficiente seja realizado, devemos utilizar um dos princípios do Sucesso, que é a constância de propósito mais constância de esforço de todos no âmbito escolar e governamental.

ANEXO A
Idade:
Sexo:
Função na escola:
Tempo de serviço:
Nível escolar:

1) Você considera que a escola está preparada para ter alunos com necessidades especiais?
2) Foi utilizado alguma estratégia ou plano pedagógico para o recebimento desse aluno? Se sim qual?
3)  Você conhece o problema que esse aluno apresenta e  as características das reações comportamentais que ele pode ter? Você recebeu  treinamento sobre isso?
4)  Como é  realizado o  processo de aquisição do conhecimento no aluno considerado "especial"? Este processo é diferente do realizado nos demais alunos? Qual a diferença?
5) Você se considera um professor preparado para lidar com esse tipo de aluno? A escola oferece auxiliares para ajudar nesse processo?
6) Você já presenciou algum tipo de preconceito ou de exclusão na sala de aula?
7)  Cite algumas dificuldades e facilidades que você já enfrentou ou enfrenta durante o processo de interação como o aluno portador de necessidades educacionais especiais na sala de aula.
8)  Como é a comunicação com a família e com a comunidade dessa criança, já que a escola não deve ser totalmente responsável pelo desempenho escolar dessa criança.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM – AVA DA UNIVERSIDADE NOVE        DE JULHO  – Uninove. Disciplina da Educação Inclusiva, 2011.
CALDEIRA,C.L. Os Efeitos da Inclusão do desenvolvimento do  Aluno Portador de Disfunção Neuromotora Grave. IN Anais III Seminário Internacional de Sociedade Inclusiva: Ações de sucesso.Belo Horizonte,  2004http://www.sociedadeinclusiva.pucminas.br/sem3/cynthia_lazara.pdf. Acesso em: 20 de outubro de 2011.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 — EDUCAÇÃO ESPECIAL. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/1284/constituicao-federal-de- Acesso em: 15 de outubro de 2011.
CUERO, R.E. Como promover a inclusão escolar enfrentando as mudanças propostas pelo paradigma da inclusão. 2011http://escolaquerubinasilveira.blogspot.com/2011/04/como-promover-inclusao-escolar.html. Acesso em: 10 de outubro de 2011.
FEBRABAN.População com deficiência no Brasil fatos e percepções, 2006 http://www.febraban.org.br/Arquivo/Cartilha/Livro_Popula%E7ao_Deficiencia_Brasil.pdf. Acesso em: 08 de outubro de 2011.
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São Paulo, dezembro de 2011.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Poemas de Cristiane Grando traduzidos ao italiano por Vera Lúcia Grando

quanto silêncio é preciso

para fazer um poema?


o silêncio da solidão e das portas,

da imaginação, do mundo,
do vento, das águas e dos gatos

o silêncio do branco

muito barulho para nada

silêncio, silêncio, o silêncio
e algumas palavras


quanto silenzio c’è bisogno per fare un poema?

il silenzio della solitudine e delle porte,
dell’imaginazione, del mondo,
del vento, delle acque e dei gatti


il silenzio del bianco

molto rumore per niente

silenzio, silenzio, il silenzio
e alcune parole

In: “Caminantes”, di Cristiane Grando
Tradutrice: Vera Lúcia Grando


in memoriam          
 
vejo-te no céu, meu pai      
anjo de asas frágeis     
 
vejo-te no rio, meu pai      
água-vento que me banha num sonho mágico          
 
vejo-te em meu caminho, querido pai                  
condor que voa sobre o mundo
 
que olha tua criança sobre a neve                
fulgurante
 
in memoriam

ti vedo in cielo, padre mio
angelo con le ale fragili
 
ti vedo in fiume, padre mio
acqua-vento che mi bagna in un sogno magico
 
ti vedo in mezzo del cammino, caro papá
condore che vola sopra il mondo
 
che guarda tua bambina  sulla neve
fulgente
  
In: “Caminantes”, di Cristiane Grando
Tradutrice: Vera Lúcia Grando



Cristiane Grando

fluxus

Tradutrice: Vera Lúcia Grando


pensi
che sono fatta
da carne, ossame, sangue?

no

sono il vento, la pioggia, il fuoco, il nulla
dalle volte
è buono sentire la fame
per solo dopo morire
di nostalgia



il mio ultimo poema:

insopportabile la perfezione del godere
sangue

vedo solo il sangue

e la pioggia




a che serve l’introspezione?
a che serve vedere l’oscuro?



mi ama, ma non mi guarda
fino in fondo
cogli occhi torvi




mancano le mani

siccome in mondo
ormai non ci fossero
ne un padre
ne un dio






scrivere può essere un atto d’amore
ma anche un suicidio
delle parole


qualcuno canta al di lá
qualcuno canta nei miei uditi sordi




nausea
io che sembro morta
della vita e del silenzio



scrivo per essere
perchè ci sto
e ancora corre
il rosso della vita




scrivo in flusso dinamico di stelle
nella camera ormai oscura
per non vedere le lettere
guardare solo per guardare

la perfezione



é infernale Il caldo del corpo a sudare sotto i vestiti




io so l’angoscia di Virginia Woolf
e degli ormoni di Donna
che esplodono simili ai vulcani.




ho paura dei terremoti
sono figlia dei movimenti che abitano da sempre
nel mio paesaggio




ho giammai scritto tanto a un solo tempo
forse sono sistemata per il mensaggio in cifra
domani capirò le frustazioni d’oggi
simili a tu, Carlos,
capisci
solo nel momento
tue parole e figli del passato



che carezza, leggerezza e peso
portano le parole e i figli
i quali verrano
un giorno



poeta-scultore-di-silenzi e pietre
che dolce e amaro
sopportano I fonemi ed I versi

la morte e il suo doppio vengono
le seduzioni ed i misteri
maremortemare
la morte viene
la morte che abita in me
la morte ed i suoi echi








vorrei tanto essere uomo
e forse così
potessi essere di meno
morte

abbandono è il mio nome
il mio essere gestito dal tempo



le cicatrici in faccia
molte di più delle rughe

le cicatrici nel viso
in cui il mondo batte
e sbatte e sbatte
uguali il vento alle finestre
di una casa abbandonata

scrivo
siccome un solo grido
nella notte

scrivo, scrivo e scrivo
energia oscura del moltiversi

pluriverseggiasi la notte
e fa notte ancora di piú