sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

COSTURA

COSTURA

Nas mãos delicadas das moças e donzelas 
Os mais belos bordados,
Das costureiras não se ouviam mais que
O plic,plic, plic das agulhas para apertar 
Os lindos vestidos,
 os enxovais das noivas
feitos a mão.
Alencar reclamou das máquinas de costura
Tiraram o encanto das moçoilas e 
Senhoras.
Novos tempos.
Velocidade.
Mulheres em grupo giravam as máquinas
Dez horas para a produção.
Suor e dores nos braços.
A máquina modernizou-se.
Os pés balançavam,
As correias giravam ,
E o plac,plac,plac veloz 
Produziam mais.
As pernas doíam,
As veias saltavam gritando de dor!
A overloque fazia zummmmmmmm.
O motor elétrico rzimmmmrzimmm.
A independência financeira dizia simmmm.
A mulher brasileira,caseira cosia assim,
Sorria sim.
Os pontos perfeitos, alinhados, 
Costurados pelas máquinas,
Eram vigiados pelos olhos ágeis,
Mais rápidos
 das agulhas com seus plic plic, 
Dos balanços de plac plac ,
Dos motores com zummmm, rzimmrzimmmmm.
Ah! Alencar, você não viu !
Não pode lamentar
a mecanização dos braços,
Das pernas, dos olhos 
Das costureiras.
Não pode chorar a avidez 
Por produção,
Solução,
Dinheiro na mão .
Não pode admirar a independência
Da mulher!


Vera Lúcia Grando
Janeiro de 2020.

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