domingo, 12 de janeiro de 2020

A VELA, O LAMPIAO E O TRANSFORMADOR

A VELA, O LAMPIAO E O TRANSFORMADOR

A vela velava o sono de cada um, 
Também clareava o tricotar da minha nonna  Emilia.
 O caminho para a cama,
Fazia-se claro.
Era a esperança nos dias de raios e trovões.
Com uma vela acesa,
a reza era forte.
Roubar bolinhos, crostolli a luz de vela era aconselhável.
Comê-los a luz de vela, até mesmo no escuro 
era divino.
Com a vela se descobria alguém 
A sombra era o mistério,
O desvelo uma surpresa.
O lampião clareava mais que a vela,
A assombração era menos intensa.
O empurrão era visto,
O beliscar já era descoberto,
O puxão de orelha já era certeiro.
O lampião dava a certeza nas buscas.
O transformador chegou!
Não se  precisava  mais de lampião e vela, 
Só em dias de temporais !
A lâmpada clareou tão bem.
Não havia mais medo de assombração!
Só existiam
 a perturbação dos sons
A geladeira roncava, 
o micro-ondas rodava,
A máquina de lavar batia,

 o ferro produzia vapor,
O rádio tocava,
 a televisão falava, 
o computador comunicava.
O transformador particular
Foi trocado e largado no chão.
Minha irmã sentiu dó.
Levou-o para casa.
Lá ficou na sala!
Transformou-se em uma estante!
Ela tem os conectores,
Só falta  alimentá-la.
Talvez com vinhos,
Livros já não se encontram 
Nas estantes.
Agora a internet no celular,
Traz as leituras via satélite! 


Vera Lúcia Grando
Janeiro de 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário