O
PARADIGMA DA INCLUSÃO ESCOLAR
*Emiliana Maria Grando Gaiotto
RESUMO
O
simples fato de um município ou uma escola participar do processo de inclusão
escolar, não significa que esteja conseguindo implementar as Leis de Diretrizes
Básicas Educacionais. Devemos considerar que qualquer ideologia para mudança social depende de um
bom projeto pedagógico e todos devem estar focados neste objetivo comum de concretizar a mudança (diretor, professor,
escola e comunidade). Neste trabalho analisamos como as Escolas
Municipais de Ensino Infantil de uma cidade do interior de São Paulo procuram
se adequar para concretizar a Lei da inclusão escolar e quais as principais
dificuldades encontradas. Para a pesquisa, utilizou-se como
instrumento, um roteiro com questões sobre a inclusão escolar e relativas ao diagnóstico
da saúde dessa criança com a finalidade de analisar o preparo da equipe
escolar para o recebimento desse aluno. A inclusão escolar por ser muito nova e
complexa, acrescida da falta de preparo da equipe escolar e de um bom planejamento, mostra que mesmo em um município
pequeno, com renda per capita boa, ainda o planejamento escolar no que concerne
a inclusão, precisa ser desenvolvido e
aprimorado. Além disso, diretores,
coordenadores pedagógicos, professores e comunidades devem trabalhar juntos
para conseguir realizar o propósito de oferecer oportunidades
iguais para que cada pessoa seja autônoma e autosuficiente, caminhando assim
para uma sociedade mais inclusiva, uma
vez que a pesquisa realizada nos aponta que ainda não existe um preparo necessário
e atitudes coerentes dos profissionais e das instituições públicas no processo
de Inclusão Escolar.
Palavras -chave:
inclusão escolar, projeto pedagógico e preparo da equipe escolar.
I-
INCLUSÃO
E LEI DE DIRETRIZES E BASES.
Uma avaliação
histórica da sociedade leva-nos a refletir que o preconceito é a forma que a
sociedade utiliza para segregar as minorias,as quais ao longo do tempo têm de
se estruturar com lutas e mobilizações para que novas leis sejam implementadas
e que o direito de ir e vir seja prevalecido a favor delas. Dentre essas
minorias temos o aluno com necessidade especial,o qual foi inserido no ensino regular
com o objetivo de que a sociedade tenha um novo olhar para ele,pois era
excluído do convívio social.
Na
Espanha, a Declaração de Salamanca reafirmou a Declaração de Direitos Humanos
nas Nações Unidas, na Conferência Mundial de Educação Especial realizada pela
ONU em 1994. Ali assinaram as normas sobre o direito das crianças com
deficiência terem acesso à escola regular.
Atualmente,
a inclusão escolar no ensino regular no Brasil não é um mais um tema só de
debates, tornou-se lei, após a Declaração de Salamanca, implantou-se em
1996 a Lei 9394 das Diretrizes e Bases
da Educação Nacional como modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de
necessidades especiais, segundo Revista Inclusão de julho de 2006.
Como
podemos notar esse novo procedimento diante dos portadores de necessidades
especiais é ainda muito recente em termos de Educação Nacional. Vale lembrar
que a classificação das ciências não é simples, o que exige mais atenção no momento
da classificação de um aluno, pois a palavra deficiente refere-se ao problema
concreto de ordem fisiológica do indivíduo ( falta de um membro, alteração,
lesões, cegueira, surdez, paralisia... o que condiciona as habilitações de um
indivíduo, sensório-motoras, cegueira. Também essa palavra pode se referir
àqueles que têm restrições múltiplas.
Para um professor leigo é difícil reconhecer e saber o nível de deficiência de
um aluno assim que começam as aulas,uma vez que as escolas ainda estão no
processo de adaptação para esse novo paradigma de ensino. É um projeto ousado
que implica em mudanças culturais, comportamentais e de reestruturação de toda
uma metodologia de ensino.Deste modo há a necessidade de haver uma ficha
técnica passada aos professores pelos especialistas, que nem sempre a escola
tem, pois o aluno se desloca para outras
escolas em há para fazer atividades em parceria.
Cuero ( Como promover a
inclusão escolar enfrentando as mudanças propostas pelo paradigma da inclusão,2011) diz que
aquilo que faz uma Escola ser inclusiva é um bom projeto pedagógico e que a
inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. Segundo ela, envolve,
também, um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo,
com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso às
oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela Instituição de Ensino. Acrescenta
que isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros dos alunos e
que o simples fato de colocar alunos lado a lado, deficientes ou não, não
garante, por si só, a manifestação de interações e formas de ajuda positivas,
podendo mesmo ocorrer atitudes negativas. Por sua vez, afirma que é, sem
dúvida, enorme a capacidade dos alunos de se ajudarem mutuamente. Mas para que
esta capacidade se manifeste em toda a sua plenitude é necessário que os professores
liderem o processo, encorajem e cooperem com os alunos.
Complementamos
dizendo que se por um lado houve um grande avanço em relação aos espaços
físicos escolares, já que em algumas escolas há elevadores, em outras
rebaixamento dos degraus , rampa, corrimão e acesso de material didático
(livros-audio,apostilas em Braille, brinquedo pedagógico, máquina em Braille,
computador com várias tecnologias, por outro ainda os professores na redes
públicas e particulares ainda não têm as práticas pedagógicas muito bem
definidas, muitas vezes por falta de recurso, outras por não saber lidar com a
situação no contexto, na tentativa de entender e reconhecer, conviver,
compartilhar, acolher pessoas superdotadas,com deficiência física ou mental,
estigmatizada, enfim diferentes grupos.
Citamos também, Caldeira
(Os Efeitos da Inclusão do desenvolvimento do Aluno Portador de Disfunção Neuromotora Grave
,2004), Apud Schaffner & Buswell (1999)
que apontam para a necessidade de
desenvolvimento de uma equipe de apoio na escola, tanto para os professores
como para os alunos com o objetivo de avaliar o processo de criação de uma
escola inclusiva. Comenta que essa equipe poderia ser constituída por professores
de classe, pais, terapeutas e supervisores e que o objetivo dessa equipe seria
o de se reunir para debater, resolver, trocar idéias, técnicas, métodos e
atividades que auxiliassem os professores e os alunos a serem bem-sucedidos em
seus papéis, pois acredita que incluir um aluno portador de necessidades
educacionais especiais na escola comum significa concretizar os direitos dessa
pessoa de conviver em um ambiente natural onde a diversidade é possível.
II-
DOS
OBJETIVOS DA PESQUISA
Tomando
como embasamento teórico os autores acima, fizemos uma pesquisa com o intuito
de analisarmos as principais dificuldades que a equipe escolar apresenta para trabalhar
com alunos de necessidades especiais nas Escolas Municipais de Ensino Infantil
do Município de Cerquilho.
O
interesse sobre o tema não teve apenas um caráter pessoal, como também o da
intenção de desenvolver um projeto em que envolva a os cidadãos de Cerquilho, a
comunidade escolar, por intermédio, a priori, de uma ONG para melhoria da qualidade de
ensino e interação dos alunos deficientes.
O objetivo final foi de avaliar se as escolas de Cerquilho de Educação
Infantil apresentavam algum diferencial
ou preparo no aspecto da inclusão escolar já que o ensino
da cidade de Cerquilho sempre recebeu boa avaliação estadual.
Ao
iniciarmos o estudo acreditávamos que as principais dificuldades para a
realização da inclusão escolar eram a falta de preparo da
equipe escolar e a má adequação do planejamento escolar para o recebimento do aluno com necessidades
especiais, pois a inclusão
escolar é um item recente no curriculum escolar em nível nacional e é complexa,
uma vez que se deve levar em conta a individualidade do aluno.
Para
a investigação dos dados, utilizamos como instrumento um roteiro com questões
sobre a inclusão escolar e outras relativas ao diagnóstico da saúde de uma
criança portadora de necessidades especiais com a finalidade de analisar o
preparo da equipe escolar para o recebimento dela no Ensino Infantil de
Cerquilho.
III. DAS DIFICULDADES DA INCLUSÃO.
No
resgate histórico da inclusão constatamos que o preconceito para com os
deficientes é tão antigo como a própria existência humana. Existem registros
históricos que revelam de como os deficientes eram tratados. Vejamos um exemplo
de Sêneca:
”Nós matamos os cães danados, os touros ferozes e indomáveis, degolamos
as ovelhas doentes com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os
recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças, se forem débeis ou
anormais, nós a afogamos: não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a
separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las”. (MACEDO 2011 apud
Sêneca, Sobre a Ira, I, XV[2]).
De acordo com a cartilha da FEBRABAN (População com deficiência no Brasil fatos e percepções,2006),
somente na Idade Média com a influência da Igreja Católica, que considerava
todos como criaturas de Deus, os deficientes deixaram de ser mortos para serem
abandonadas. Como para a sociedade essas pessoas passaram a causar incômodo, por
volta do século XII, surgiram instituições, longe dos grandes centros, para
abrigar principalmente pessoas com deficiência mental, onde foram criadas as
primeiras legislações com o intuito de garantir o direito à sobrevivência e
assegurar os bens daqueles que possuíam uma deficiência mental. Somente em 1960,
a institucionalização começou a ser examinada criticamente e dois novos
conceitos passaram a circular no debate social: normalização e
desinstitucionalização. Entretanto, normalizar o indivíduo com deficiência
passou a não fazer sentido e diante disso, chegou-se à conclusão de que a
sociedade também teria sua parcela de contribuição no processo de inserção das
pessoas com deficiência.
FEBRABAN(2006) refere que o mundo, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), abriga cerca de 610 milhões de pessoas com
deficiência, das quais grande parte vive em países em desenvolvimento. Os dados
do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
informam que 24,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o
que equivale a 14,5% da população nacional, percentual bastante superior aos
levantamentos anteriores, nos quais se observava um contingente inferior a 2%.
Isto não ocorre em função do aumento de incidência de deficiências, mas pela
melhora dos instrumentos de coleta de informações que seguem as últimas
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Diante as estatísticas mundiais, as organizações
internacionais vêm se mobilizando para garantir que os portadores de
necessidades especiais tenham acesso à educação.
Gomes e Barbosa (Inclusão escolar do portador de paralisia cerebral: atitudes de
professores do ensino , 2006) argumentam
que “O direito de toda criança à
educação, consignado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (UNITED
NATIONS, 1948), foi reiterado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos
(UNESCO, 1990). Mais recentemente, com a Declaração Mundial de Salamanca
(UNESCO, 1994), este direito também foi assegurado para um segmento escolar
que, até então, era pouco considerado: trata-se dos alunos portadores de
necessidades educacionais especiais (PNEE)”.
Por sua
vez, Emuno (Avaliação
assistida para crianças com necessidades educacionais especiais: um recurso
auxiliar na inclusão escolar ,2005) considera que a proposta
de inclusão escolar é dominante na Educação Especial e na Educação em geral nas
últimas décadas, direcionando programas e políticas educacionais e de
reabilitação em vários países, incluindo-se o Brasil. Exige a transformação da
escola, defendendo a inserção de alunos com quaisquer necessidades no ensino
regular, cabendo às escolas se adaptarem às características dos alunos, o que
leva à ruptura com o modelo tradicional de ensino.
Segundo a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.
9394/96, a educação especial para educados portadores de necessidades especiais
deverá ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, tendo a
capacitação dos professores para um atendimento especializado em suas metas
principais. As chamadas necessidades especiais podem ser definidas de acordo
com a capacidade ou dificuldade de aprendizagem.
As
Leis de Diretrizes Básicas Educacionais sobre a Educação Especial são: Art. 205. A
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola; Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante
a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV -
atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.Art.
213. Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser
dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em
lei, que: I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus
excedentes financeiros em educação.
O
fato do município ou escola participar do processo de inclusão, não significa
que está ocorrendo o processo de inclusão; a mudança depende das redes sociais
desenvolvidas, de um bom projeto pedagógico e todos estarem voltados para
realizar a mudança (diretor, professor, escola e comunidade).E ainda não
podemos nos esquecer que além do conteúdo, da interação, esses alunos,
principalmente deficientes visuais e surdos devem ser preparados para o mercado
do trabalho, pois devem sair da escola competindo com os considerados
“normais”. Para isto, os professores devem estar muito bem preparados, porque o
quanto mais esses alunos puderem ser independentes, mais provavelmente
desempenharão o seu papel de cidadão na sociedade.
Outra
citação foi retirada do ambiente virtual de aprendizagem – AVA da Universidade
Nove de Julho – Uninove,na qual há a afirmação de que educar para a diversidade é
ensinar os indivíduos a conviverem com as diferenças entre as pessoas e esse é
um dos desafios da educação inclusiva, de que a inclusão precisa ser pensada
sob diversos aspectos, visando à preparação não só dos portadores de
necessidades especiais, mas também das pessoas excluídas socialmente e daquelas
que irão acolhê-las, fornecendo-lhes condições sociais e estruturais para que
ela ocorra,e de que assim, tem-se a visão de que todos precisam aprender a
conviver com as diferenças, respeitando cada um do que jeito que é, a despeito
da desvantagem física ou social que apresente.
Mencionamos
que quando a escola recepciona um aluno com necessidades especiais, toda a
equipe escolar deve receber treinamento do diagnóstico dessa criança, quais os
comportamentos comuns dessa necessidade especial, pois a partir desse
treinamento é que a equipe escola deve planejar:
·
Adaptação física.
·
Professor que se enquadra para esse tipo de
diagnóstico.
·
Necessidade de um professor auxiliar.
·
Material didático aperfeiçoado.
·
Adaptações de brincadeiras.
·
Suporte intersetorial e multidisciplinar se
necessário.
·
Verificar apoio familiar.
·
Avaliação do grupo
O Gestor da escola é muito importante nesse
processo, pois deve avaliar os valores que a equipe tem, não ter somente uma
relação hierarquizada, onde acredita que apenas o professor deva realizar essa
tarefa, deve participar do processo e colaborar para que o objetivo seja
concluído. Muitos gestores apresentam um sentimento que não se
tem tempo para nada devido à burocracia que as escolas têm e por isso muitos
dizem que falta tempo para planejar,. Outra forma de comportamento é a perda de
sustentação do saber humanista realizando projetos pedagógicos ou mesmo não
realizando sem avaliar o modo de vida e o processo cultural da criança com
necessidades especiais. Esses tipos de comportamentos dos gestores apenas promovem
sentimento de frustração, incompetência e muitas vezes causando exclusão para
esses alunos que são deixados no fundo das salas de aula.
A escolha de um profissional
humanizado é muito importante (sabemos que não aprendemos isso na faculdade), e
que apesar do conceito de psicologia que não devemos carregar a culpa,
infelizmente não é assim, assumimos uma posição que no dia-a-dia temos que nos
envolver. Cabe ao diretor e coordenador
pedagógico, avaliar se o professor está conseguindo realizar o que foi
proposto, e dar apoio quando necessário e não simplesmente deixar o professor
resolver tudo sozinho, pois é uma situação nova e cada aluno requer uma forma
de ensinar.
Colocamos
mais uma vez a importância das escolas que recebem deficientes, apresentarem
projetos pedagógicos como uma possibilidade de ampliação para a capacitação
desses alunos considerados diferentes do grupo devido às suas necessidades
especiais. Todavia, os órgão governamentais deverão investir muito não só em
aparelhos que possibilitem mais independência aos alunos, mas também investir
em professores, oferecendo-lhes cursos gratuitos, sejam presenciais ou on-line.
Cuero (2011) comenta que os professores colocam seu temor, diante do sistema educacional e
social inclusivo, de serem cobrados e avaliados como incompetentes ao não
conseguir atingir o objetivo de ensinar os alunos com deficiência.
Somente o
conhecimento e adaptações físicas e pedagógicas não terão sucesso quando a
equipe não estiver motivada. A
motivação é a base para resolver problemas, e é um desafio, pois é difícil
realizar uma tarefa nova com sentimentos que estamos fazemos sem qualidade. Quando
o profissional tem condições de trabalho e apoio, faz que tenha o sucesso esperado, que é ensinar e
incluir um aluno com necessidades especiais, seja realizado.
IV
– DO LOCAL DA PESQUISA INCLUSIVA
Cerquilho possui uma área de 126 km2 e
está localizado na região Centro-Leste do Estado de São Paulo, zona
fisiográfica de Piracicaba. O município não possui favelas, têm 100% de
abastecimento de água tratada, energia elétrica, rede de esgoto em toda cidade
e vias públicas asfaltadas. Sendo 80% da economia industrial, 10% comercial, 5%
pecuária e agricultura e 5% prestação de serviços. No último censo (2010)
contabilizou a população em 39.617 habitantes. A Secretaria Municipal de Educação de Cerquilho conta com os seguintes
projetos na área de inclusão:
A
contratação de Intérprete de LIBRAS no âmbito escolar e Incluindo alunos com
Síndrome de Down- Cartilha e diversos projetos em conjunto com outras
secretarias.
Cerquilho
tem na rede pública sete Escolas Municipais de Ensino Infantil Integral, seis
Escolas Municipais de ensino Infantil, uma Escola de Jovens e Adultos, dez
Escolas Municipais de Ensino Fundamental e uma Escola Municipal de Educação
Básica Especial, duas Escolas Estaduais de Ensino Médio e uma Escola Técnica. Na
rede particular apresenta cinco Escolas (Infantil, Fundamental e Ensino Médio),
um SESI e uma Escola Técnica.
V- DA PESQUISA DE CAMPO
1.1 Local
Para a realização da pesquisa,
primeiramente foi feita a entrevista na Escola Municipal de Educação Básica
Especial (EMEBE), onde estão 126 alunos matriculados. Nesta instituição, para
se conseguir uma vaga, o aluno deve
apresentar alguma deficiência mental, pois aquele que tem somente deficiência física, não participa das
atividades escolares. O aluno que tem condições emocionais participa de um
período na escola regular e participa das atividades da EMEBE.
Na
entrevista, destacaram que os alunos conseguem ir bem até o quinto ano do ensino
fundamental, mas, quando passam para o sexto ano escolar, passam a ter vários professores e, devido a
esse fato, eles não querem participar mais do ensino regular, ficando somente
na EMEBE.
Para
a pesquisa, foi solicitada à coordenação da EMEBE quais escolas de ensino de
educação infantil tinham alunos de inclusão e, nos foram indicadas três Escolas
do Município para a realização da pesquisa .Notamos que há mais alunos no
Ensino Fundamental que no Ensino Infantil, todavia tivemos como objetivo de
análise a inclusão na escola infantil .
Foram
selecionadas as três escolas do município em que havia alunos com necessidades
especiais e cada uma havia apenas um aluno com necessidade especial.
Entramos em contato com os diretores, os quais
nos encaminharam aos coordenadores pedagógicos
e ou professores para a realização das nossas entrevistas.
1.2
Sujeitos
Os
dois professores e os coordenadores
entrevistados pedagógicos têm idade entre vinte e nove e quarenta e seis anos,
somente um não é pós -graduado (porém tem um curso da APAE), tem entre sete a
vinte e cinco anos de tempo de serviço, porém para todos a inclusão é muito
recente, pois esses são os primeiros alunos que estão trabalhando.
As três crianças que serviram como
sujeitos de nossa pesquisa têm entre três e quatro anos, estão matriculadas no
ensino de Educação Infantil (dois meninos, de quatro anos no Pré I e uma menina
de três anos na creche) e apresentam os
seguintes diagnósticos; paralisia cerebral, síndrome de Down e deficiência
auditiva (somente este aluno do Pré não participa da EMEBE).
1.3
Instrumento de Coleta de Dados
Inicialmente
entramos em contato com alguns profissionais para que pudéssemos aplicar o
questionário (veja Anexo A)
Utilizou-se
como instrumento um roteiro com oito questões relativas à inclusão escolar e
como a pesquisadora é da área da saúde, foi incluída uma questão sobre o
diagnóstico da criança.
Questão 1. Você
considera que a escola está preparada para ter alunos com necessidades
especiais?
Questão 2. Foi utilizado alguma
estratégia ou plano pedagógico para o recebimento desse aluno? Se sim qual?
Questão 3. Você conhece o
problema que esse aluno apresenta e as características das reações
comportamentais que ele pode ter? Você recebeu treinamento sobre isso?
Questão 4. Como é realizado o
processo de aquisição do conhecimento no aluno considerado "especial"?
Este processo é diferente do realizado nos demais alunos? Qual a diferença?
Questão 5. Você se considera um professor preparado para
lidar com esse tipo de aluno? A escola oferece auxiliares para ajudar nesse
processo?
Questão 6. Você já presenciou
algum tipo de preconceito ou de exclusão na sala de aula?
Questão 7. Cite algumas dificuldades e facilidades que
você já enfrentou ou enfrenta durante o processo de interação como o aluno
portador de necessidades educacionais especiais na sala de aula.
Questão 8. Como é a comunicação
com a família e com a comunidade dessa criança, já que a escola não deve ser
totalmente responsável pelo desempenho escolar dessa criança.
1.4-
Resultados
Nesse tópico nos propomos a analisar as respostas
coletadas aplicadas aos professores e coordenadores pedagógicos. As análises e
discussões que se seguem são feitas a partir das informações obtidas via
questionário.
Quanto
à escola estar preparada para o recebimento do aluno com necessidades especiais,
todos os entrevistados responderam que
as escolas não estão preparadas fisicamente (no caso de PC- Paralisia Cerebral,
precisa de banheiro adaptado), também não possuem material apropriado para o
recebimento desse aluno.
Constatamos
nessa pesquisa as poucas instruções obtidas pelos professores antes de
receberem o aluno, pois não foram discutidas no plano pedagógico as práticas
atitudinais e não foi realizada nenhuma estratégia para o recebimento desse aluno
. Os entrevistados alegaram que apenas receberam
um treinamento sobre educação inclusiva do orientador da Secretaria Municipal
da Educação.
Em
relação se o professor recebeu treinamento sobre o diagnóstico e seus
principais comportamentos ou não, apenas uma escola recebeu orientação da SME(Secretaria
Municipal de Educação) sobre a doença, mas nenhuma recebeu treinamento
específico.
Sobre
a pergunta se há diferença no processo
de aprendizagem em relação aos demais alunos, todos os entrevistados disseram
que há diferenças, que há necessidade de dispensar mais tempo com o deficiente,
devido suas limitações e consideram esse procedimento não correto, pois os demais, às vezes, ficam sem
acompanhamento e muitos também apresentam atrasos na aprendizagem .
Quanto
à pergunta sobre o professor estar preparado para trabalhar com esses alunos,
todos responderam que não o estão e que
infelizmente, o aluno é deixado na escola e cabe ao professor correr atrás de
se adaptar. Em uma das escolas, o coordenador disse que quando o professor não
está preparado para casos especiais, o aluno fica meio que “largado” na sala de
aula.
Quanto
à indagação da escola ter auxiliar exclusivo para o deficiente, devido não ter
a adaptação necessária, constatou-se que somente uma escola conseguiu um
funcionário para ajudar na troca de fraldas, mas não auxiliava no processo da
aprendizagem, cabendo somente ao professor realizar a sua tarefa.
Em
relação ao preconceito em sala de aula, os entrevistados foram unânimes ao
dizerem que, nessa idade entre os colegas, não há exclusão. Somente foi
registrada esta situação por parte dos pais, onde houve o questionamento se o
filho poderia imitar o comportamento do colega, já que é uma fase de imitações.Houve
uma explicação ao pai da importância da convivência da criançacom necessidades
especiais com os demais alunos. O pai
não questiou mais.
Em
resposta às facilidades e dificuldades da inclusão na Educação infantil, a
maioria disse que não há facilidades, pois esse processo educacional é muito
novo e todos estão aprendendo. Foi destacado por um coordenador e em
concordância com a relação com os amigos
que se interagem muito bem.
Quanto
à participação da família e da comunidade, a família é muito presente e a
comunidade somente participa quando ocorrem fóruns ou palestras, sem muito
desempenho no auxílio da educação.
1.5-Considerações finais
O estudo
nos mostra que apesar das leis, as escolas ainda não estão adequadas para a
realização da inclusão escolar, tanto na parte física, quanto na parte do
material didático, fato constatado nas entrevistas, nas quais os entrevistados
por unanimidade disseram que não estão preparados para a realização da função,
apesar do esforço e das atitudes positivas.
Constatamos
também, que a inclusão ficou somente para o professor, que o coordenador
pedagógico e diretor têm pouca participação do processo inclusivo, apesar da
ciência de todos de que no sucesso da inclusão, todos deveriam participar
(escola, diretores, coordenadores pedagógicos, professores e comunidades), pois
é praticamente impossível para o professor fazer tal processo sozinho, tendo
que cuidar de uma classe com mais de 25 alunos.Apontamos ainda que no processo de aprendizagem, há alunos que
tem dificuldades na aprendizagem e necessitam também de mais atenção do
professor.
Entendemos haver no professor um temor muito grande ao
tratar das práticas pedagógicas a portadores de necessidades especiais, devido
ainda ser recente esse processo inclusivo, o qual se torna impossível quando não há muito pouco
apoio ou nada. No caso pesquisa, observamos que o apoio maior vem da Secretaria
Municipal, dado pelo orientador de necessidades especiais.
Reafirmamos
que a falta de planejamento foi constatada quase em todas as escolas infantis e
que cada escola tem apenas um aluno
especial, não existindo material didático adequado, cabendo ao professor
adaptar todas as brincadeiras. Houve também
um dado, no qual um aluno especial teve troca de professor por três
vezes durante esse ano e o último professor estava pouco preparado para
desempenhar a função de professor de aluno especial. Esse tipo de acontecimento
interfere na adaptação dessa criança, pois o deficiente necessita de um
ambiente tranqüilo, sem muitas mudanças. Portanto, o planejamento é uma
estratégia que deve ser analisada cuidadosamente e a escola como um todo é
responsável pelo aluno, não somente o professor, pois cabe ao coordenador
pedagógico verificar se o professor está preparado para desempenhar essa
função.
Também
avaliamos que para o melhor aproveitamento seria necessário ter o professor auxiliar
para cada deficiente, no caso de deficiência auditiva, onde as libras são
necessárias, o auxiliar ajudaria a interpretação. Em Cerquilho, no Ensino
Fundamental há o projeto de intérprete de libras,mas na educação infantil não está disponível,
cabendo novamente o professor se adaptar.
Quanto ao
comportamento dos deficientes são muitos diferenciados e alguns saem da sala de
aula, gritam e o professor acaba tendo que deixar a classe para ir atrás desse
aluno, nesse caso é de extrema necessidade a presença de um auxiliar, pois o
professor deixa o restante da classe sozinha para cuidar do aluno especial.
Avaliamos
também que a escola que recebe um aluno de necessidades especiais, deve receber
treinamento específico sobre o diagnóstico, pois é pelo diagnóstico que a
escola planejará suas atividades durante o ano. Verificamos que nenhuma escola
tem material didático apropriado para as crianças com necessidades especiais e
que para melhor compreensão da criança, apenas o professor que tem interesse
realiza pós-graduação ou curso que acha importante.
Na
instituição temos que fazer uma mudança cultural, pois temos que reconhecer os
aspectos subjetivos das relações humanas e os valores sócio-culturais para
compreendermos o problema e elaborar ações, melhorando as condições de trabalho
e a qualidade no ensino.
Talvez
uma boa superação dos problemas já aconteceria nas creches, quando da interação
primária, professores especialistas atuariam com todos os alunos,
independentemente de serem considerados portadores de necessidades especiais, ensinando-os
a linguagem Braille, Libras, e a importância da valorização do ser humano,
daqueles que necessitam de ajudas especiais.
Havendo
uma preocupação dos órgãos governamentais, ocorrerá investimento em capital
humano, seja em professores, em crianças, alunos de todas as idades, portadores
ou não de necessidades especiais. Atenuariam-se
as diferenças , os preconceitos e a sociedade daria espaço e cidadania a
essas pessoas consideradas diferentes e haveria um grande avanço material,
intelectual, humano.
Assim
para que o objetivo da inclusão escolar que é oferecer oportunidades iguais
para que cada pessoa seja autônoma e auto-suficiente seja realizado, devemos
utilizar um dos princípios do Sucesso, que é a constância de propósito mais
constância de esforço de todos no âmbito escolar e governamental.
ANEXO
A
Idade:
Sexo:
Função na escola:
Tempo de serviço:
Nível escolar:
1) Você considera que a escola
está preparada para ter alunos com necessidades especiais?
2) Foi utilizado alguma
estratégia ou plano pedagógico para o recebimento desse aluno? Se sim qual?
3) Você conhece o problema que esse aluno
apresenta e as características das
reações comportamentais que ele pode ter? Você recebeu treinamento sobre isso?
4) Como é
realizado o processo de aquisição
do conhecimento no aluno considerado "especial"? Este processo é
diferente do realizado nos demais alunos? Qual a diferença?
5) Você se considera um professor
preparado para lidar com esse tipo de aluno? A escola oferece auxiliares para
ajudar nesse processo?
6) Você já presenciou algum tipo
de preconceito ou de exclusão na sala de aula?
7) Cite algumas dificuldades e facilidades que
você já enfrentou ou enfrenta durante o processo de interação como o aluno
portador de necessidades educacionais especiais na sala de aula.
8) Como é a comunicação com a família e com a
comunidade dessa criança, já que a escola não deve ser totalmente responsável
pelo desempenho escolar dessa criança.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
AMBIENTE
VIRTUAL DE APRENDIZAGEM – AVA DA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – Uninove. Disciplina da Educação Inclusiva, 2011.
CALDEIRA,C.L.
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Neuromotora Grave. IN Anais III
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2004http://www.sociedadeinclusiva.pucminas.br/sem3/cynthia_lazara.pdf.
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GOMES, C.; BARBOSA, A.J.G. Inclusão
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